quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Educação (alimentar) é fundamental !


A Educação faz parte, ou deveria fazer, da vida de todos nós. Em todas as áreas e sob todos os aspectos. O conhecimento é sempre cumulativo e agregador. Nada perdemos por estudar, pesquisar e aprender. Precisamos, sempre, melhorar como pessoa, ajudar o próximo, a fim de que possamos deixar o mundo um pouco melhor.

Existe uma passagem bíblica interessante onde se diz que meu povo sofre porque rejeitaste o conhecimento (Oseias, 4:6).

Assim como é imprescindível a educação ambiental, financeira, cívica, religiosa e social, é preciso que nos eduquemos, também, sob o ponto de vista alimentar.

A Educação Alimentar, apesar de ser um tema bastante genérico, tangencia questões fundamentais na vida do ser humano, como o a escolha da comida saudável e o estilo de vida consciente.

Afinal, quem não quer ter um corpo saudável, bem nutrido e em forma? Quem não deseja manter o nível de energia estável durante o dia? Quem não quer evitar o mau humor, a fome descontrolada e a preguiça?

É preciso entender, em primeiro lugar, que o ALIMENTO é a informação que passamos para o nosso organismo. A partir do que comemos, estamos ditando as regras vitais para o corpo, dando-lhe instruções precisas sobre o que fazer e como funcionar.

Neste contexto, as pessoas - principalmente nossas crianças e adolescentes, que são especialmente tuteladas e protegidas pela lei - precisam ser conscientizadas, alertadas e informadas sobre a importância da alimentação correta, saudável e consciente.

O art. 227 da Constituição Federal dispões que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à dignidade, ao respeito, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência.

Por sua vez, o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que a criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.

A mesma norma assegura a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez.

De acordo com a Lei federal n.º 11.947/2009, a alimentação escolar é direito dos alunos da educação básica pública e dever do Estado. O objetivo é contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais.

A discussão do tema Educação Alimentar vai de encontro às determinações legais que garante a criança e ao adolescente o direito à saúde, a alimentação saudável e ao desenvolvimento sadio e harmônico, além de garantir às grávidas a nutrição adequada, a fim de que o feto que está sendo gestado possa receber os melhores e mais nutritivos alimentos.

Além disto, com a informação de qualidade, criamos mecanismos para orientar e proteger nossos jovens do marketing infanto-juvenil e de todas as formas de propagandas perniciosas, tendenciosas e que incentivam (induzem) o consumo exagerado de alimentos que, comprovadamente, irão viciar fazer mal para a saúde.

Não se preserva a dignidade de uma criança quando ela é vítima de um comercial que a faz querer consumir, além da conta, refrigerantes, bebidas açucaradas ou produtos processados que podem estar relacionados ao surgimento precoce de obesidade ou Diabetes tipo 2.

O mundo moderno, "premiado" com a comida industrializada, os maus hábitos alimentares e a ignorância nutricional contribuem e interferem, negativa e decisivamente, na saúde das pessoas. Elas estão cada vez mais doentes e gordas, principalmente as crianças, cujo índice de doenças metabólicas e desregulamento hormonal nunca esteve tão alto e crescente.

Deixou de ser incomum ouvirmos falar que uma criança, ainda na tenra idade, é portadora de Diabetes Tipo 2 e provavelmente irá sofrer por um longo período da vida todas as graves consequências desta terrível enfermidade. Também passou a ser normal conhecermos jovens obesos, com pressão alta e riscos coronarianos precoces. 

Apesar de ser comum, não é normal!

O mais grave é que, nesta condição debilitada, a auto-estima deles será diretamente afetada e drasticamente reduzida, tornando-os infelizes, principalmente devido ao estilo de vida escolhido. 

Uma criança obesa certamente continuará nesta condição na vida adulta. Elas são vítimas da indústria alimentícia, que valoriza, incentiva e comercializa o fast food, a comida rápida, pronta e barata. 

Até porque, as grandes multinacionais somente seguem a tendência de consumo. Por certo, se conseguirmos mudar nossos hábitos alimentares, muito provavelmente as grandes marcas começarão de disponibilizar produtos mais naturais, orgânicos e saudável. Este negócio também pode ser muito lucrativo. É tudo uma questão de demanda e oferta.

Os gigantes da alimentação utilizam o marketing e a propaganda abusiva, direcionada especificamente às crianças, aproveitando-se da vulnerabilidade e pouca experiência destas.

As campanhas de marketing não apenas influenciam as escolhas alimentares na infância, mas também buscam fidelizar consumidores desde a mais tenra idade. O objeto preferencial são os alimentos ultra-processados e refinados, feitos a partir de ingredientes industriais, com pouco ou nenhum produto fresco, e, geralmente, com alta quantidade de açúcar, gordura e/ou sódio.

Uma estratégia nutricional importante seria trazer a criança e o jovem para participar diretamente do processo de produção, colheira e preparação dos próprios alimentos. Devem ser educadas e ensinadas, tanto em casa, como nas escolas. Será que a criança sabe o que é um pepino, cenoura, couve ou brócolis?

Pressionadas pelas comidas processadas vendidas nos supermercados, de péssima qualidade, cada vez mais as pessoas estão voltando a cultivar uma horta doméstica, a fim de que possam produzir, em casa, os próprios legumes, verduras e frutas, orgânicas, sem qualquer agrotóxico.

Sem dúvida, este tipo de cultura faz parte da solução final, assim como a valorização dos mercados locais, onde se comercializa produtos naturais, vindos diretamente do campo.

É fato: a sociedade está cada vez mais doente, gorda e precisando de medicamentos para controlar a pressão, glicemia no sangue, colesterol e outros marcadores, já que o perfil lipídico deteriora-se diariamente. Muitas não sabem o que fazer. As informações sobre dietas são conflitantes e pouco esclarecedoras.

Confunde-se a causa com as consequências da má alimentação. A Medicina, não raro, trata simploriamente o sintoma em vez da causa. Remédio, muitas vezes, não é solução para todos os males. Os estudos prospectivos e randomizados - verdadeiros experimentos científicos - são caros e raros neste meio.

Algumas vertentes têm surgido dentro da denominada medicina funcional, que busca tratar o corpo de forma integrada, em uma abordagem holística. Nosso organismo é um sistema interligado e não simples órgãos dissociados e independentes. Prioriza identificar e combater as causas profundas das doenças e não apenas seus sintomas. 

Novos estudos estão surgindo, dando-se atenção maior à flora intestinal, a microbiota, o metabolismo e principalmente a origem dos processos inflamatórios, que são comuns e o início da maioria das doenças modernas, 

As pessoas estão morrendo de ataque cardíaco e tendo suas vidas limitadas pelo Diabetes. A saúde mental também vai muito mal. O mal de Alzheimer, Parkinson e demais patologias do cérebro são cada dia mais comuns e apavoram todos, já que a ciência pouco evoluiu para nos informar sobre as reais causas. 

Está nascendo uma geração que, pela primeira vez na história, podem viver menos que seus pais.

Trata-se, em verdade, de um problema de Saúde Pública. É preciso, o quanto antes, reverter este quadro assustador e mundial. 

O normal é sermos saudáveis, equilibrados e ativos, bem dispostos até o nosso último dia. 

Por que será que as doenças crônicas, degenerativas, auto-imunes e metabólicas estão em franca ascensão? Será que a forma com que nos alimentamos atualmente contribuiu para este processo doentio? A comida que chega à mesa das famílias é saudável e de boa procedência? As crianças são ensinadas a ler o rótulo dos alimentos ? Elas sabem que o leite não vem da caixinha e que os ovos não saem dos supermercados ?

Afinal, o que é comida de verdade?

São questões intrigantes e fundamentais que precisamos desenvolver um espírito crítico, pesquisar, conhecer e, sobretudo, ensinar aos jovens. Afinal, eles serão a geração do futuro!



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