domingo, 19 de março de 2017

A carne é fraca


A recente operação da Polícia Federal, intitulada "Carne Fraca", nos revela, pelo menos, duas coisas: a possível promiscuidade entre a indústria alimentícia (em especial, as gigantes fabricantes de carne) e alguns servidores públicos encarregados de fiscalizá-la.

A suposta reembalagem de comida estragada, o possível uso de substâncias cancerígenas para maquiar produtos vencidos, a adição de água para aumentar o peso, utilização de ácidos para alterar o aspecto físico e a noticiada mistura de papelão nas salsichas são suficientes para uma indigestão completa. 

O Código de Defesa do Consumidor (Lei federal n.º 8.078/90), preocupado com a prevenção e segurança alimentar, determina que os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.

Além disto, a lei diz que são impróprios ao uso e consumo os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação e os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.

Mas o que este assunto tem a ver com Educação Alimentar?

Tudo. Este blog preconiza, a bem da saúde humana, a prática de um estilo de vida saudável e o consumo prioritário de alimentos naturais. 

Onde encontramos este tipo de comida? colhidos da terra ou oriundo nos animais. 

Qual é o extremo disto? Exatamente o consumo dos produtos industrializados e processados, alvo da Operação "Carne Fraca".

Os números são gigantescos. As multinacionais envolvidas estão entre as maiores fabricantes de carne do mundo. Exportam para mais de uma centena de países. Daí a preocupação  internacional com o caso.

Se todos os argumentos já lançados neste espaço digital ainda não foram suficientes para convencer acerca dos benefícios da comida de verdade em detrimento dos produtos alimentícios industrializados, processados e refinados, os absurdos levantados na operação deflagrada pelas autoridades deveria, no mínimo, nos fazer repensar sobre o atual modo de aquisição e consumo de alimentos.

O boicote é uma prática muito utilizada pelos consumidores conscientes nos países desenvolvidos diante da notícia de que alguma empresa descumpre as normas ou viola as leis, seja vendendo peles de animais ou comercializando produtos impróprios para o consumo humano.

Será que não está na hora de evitarmos ou minimizarmos os produtos alimentícios industrializados, que sequer podem ser denominados de comida, e darmos preferência ao conhecido açougue local, que cria gado no pasto ou que adquire a carne direto do pequeno produtor rural?

O estilo de vida alimentar, saudável e natural, livre de embutidos, congelados e afins, consiste em uma alternativa interessante para o consumo de alimentos limpos, orgânicos e oriundos da produção local. 

Afinal, é mais fácil identificar e até conversar com o pequeno produtor e conhecer pessoalmente todo o processo de produção dos alimentos por ele oferecidos do que tentar imaginar como uma "carne" consegue ser acondicionada, transportada, atravessar o mundo para atender uma demanda globalizada. 

Como este produto, praticamente imperecível, pode ser saudável?

Em um mundo alimentício corporativo, aparentemente podre, assim como parece ser os produtos ora investigados, sem dúvida, o prestígio à agricultura familiar faz parte da solução do problema. 

Definitivamente não precisamos de produtos maquiados, congelados, superdesenvolvidos à custa de agrotóxicos, químicos ou que possam ser transportados, intactos, para a outra ponta do mundo.

Afinal de contas, estamos lidando com segurança alimentar e o bem-estar das pessoas.

A notícia preocupa. E muito. Se confirmados os fatos, estaremos diante de uma crise alimentar. Devemos repensar a nossa forma de consumo alimentar, buscar conhecimento e fazer escolhas conscientes.

A saúde agradece !

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