terça-feira, 4 de outubro de 2016

Guia Alimentar para a população brasileira


Após anos de discussão, o governo brasileiro, em feliz iniciativa, publicou, no final de 2014, o "Guia Alimentar para a População Brasileira", editado pelo Ministério da Saúde.

Como se precisássemos de um manual para saber coisas óbvias como a nocividade dos alimentos industrializados, processados e açucarados ou que nossas crianças devem ser protegidas da voracidade do marketing consumista e evitar as cadeias de fast foods (refrigerantes, sanduíches, sucos saborizados em caixinha etc.).
A nutrição e o mundo alimentar trazem diversos mitos e ideias já arraigadas no senso comum que precisam ser discutidas. Seria mesmo necessária a distribuição de produtos ultra-processados ou o incentivo governamental, através de subsídios bilionários, para o cultivo de enormes monoculturas (como trigo, milho e soja), sob o pretexto de alimentar a população mundial? 

Não seria mais saudável incentivarmos os pequenos produtores rurais ou desenvolvermos os mercados regionais, onde a comida natural poderia chegar com maior facilidade? E o trigo atual, geneticamente modificado, seria prejudicial ou faz bem para a nossa saúde?

São questionamentos que, na maioria das vezes, relegamos ao segundo plano ou aceitamos como verdades insofismáveis.

O Guia Alimentar, mesmo não sendo perfeito, parece distanciar da grande indústria alimentícia e procura valorizar o consumo de alimentos frescos ou minimamente processados.

Procurou-se, através de especialistas, desmistificar a falácia dos supostos (e falsos) benefícios trazidos pelo alimento artificial produzido pela indústria e favorecer práticas locais de produção alimentar de verdade.

Uma abordagem excelente refere-se ao desenvolvimento de talentos culinários e o hábito de comer em casa, quando possível, ao invés de comprar um prato feito, onde não sabemos os ingredientes que foram utilizados.

Não há dúvida que trata-se de um passo importante. O governo, meio que desafiando a grande e poderosa indústria alimentícia, lança postulados em prol de uma melhor saúde para a população e a incentiva a adoção de hábitos saudáveis, através da alimentação.

Em um Brasil onde o número de obesos e diabéticos é crescente, cujas epidemias oneram incrivelmente o sistema público de saúde, sai muito mais barato prevenir e educar agora do que ter que tratar um paciente acometido por alguma doença crônica no futuro. 

Afinal, não são as empresas de marketing ou mesmo as multinacionais produtoras de alimentos quem financiam o tratamento remediado das doenças da população: são as famílias, os planos de saúde (para uma minoria) e o Estado brasileiro, através do SUS, para a grande massa populacional desprovida de recursos financeiros. Estamos falando de milhões de brasileiros doentes e desassistidos. 

Confira as dez regras básicas preconizadas no Guia:

Passo 1: Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação; 
Passo 2: Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias; 
Passo 3: Limitar o consumo de alimentos processados; 
Passo 4: Evitar o consumo de alimentos ultra-processados;  
Passo 5: Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia;  
Passo 6: Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados;  
Passo 7: Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias;
 Passo 8: Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece; 
Passo 9: Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora; 
Passo 10: Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.  

Sem dúvida, o tema merece muito mais atenção dos nossos governantes. Acabamos de eleger os novos Prefeitos nas mais de 5.500 cidades brasileiras. Quem sabe a Alimentação, Nutrição e o incentivo de hábitos saudáveis não entrem na pauta do dia e mobilizem os alcaides no mandato vindouro? 

Fica aqui a sugestão de se elaborar políticas públicas proativas, a fim de efetivar as diretrizes alimentares, com foco, por exemplo, na merenda escolar. Os alunos poderiam cuidar de uma horta orgânica, plantar, produzir e colher o próprio alimento. Quiçá até prepará-los!

A comida na escola poderia ser feita em hortas comunitárias, auxiliadas através de um programa de parceria com os produtores locais.

Sobre o Guia Alimentar, confira também esta interessante postagem.

Enfim, as ideais são muitas, mas poucas as iniciativas. Falta vontade e informação. Que cada um possa ajudar - a sua maneira - a mudar esta realidade, em prol da nova geração.

Mãos a obra !

Acesse aqui o Guia Alimentar.

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