quarta-feira, 19 de abril de 2017

Hábitos e alimentação


O hábito é inevitável e poderoso. São comportamentos automáticos disparados por gatilhos como ansiedade, frustração, medo, tédio, raiva, tristeza etc.). Sem percebermos, ele controla nossa vida. Nos mínimos detalhes. Melhorar sempre nosso padrão de comportamento alimentar seria um bom motivo para revermos alguns (maus) hábitos pessoais. 


O que poderia ser simples, como emagrecer, parar de fumar ou iniciar a prática regular de exercícios físicos, na prática, é muito mais difícil. Encontramos muita resistência e, por vezes, não conseguimos implementar as mudanças necessárias em nossa vida. É a eterna luta entre os velhos e os novos hábitos.

Confira alguns trechos do excelente livro "O Poder do Hábito", de Charles Duhigg:
Os hábitos surgem porque o cérebro está sempre procurando maneiras de poupar esforços. Os hábitos permitem que nossas mentes desacelerem com mais frequência, e nos permitem parar de pensar constantemente em comportamentos básicos, como andar e escolher o que comer.
(...)
Esse processo dentro dos nossos cérebros é um loop de três estágios. Primeiro há uma deixa, um estímulo que manda seu cérebro entrar em modo automático, e indica qual hábito ele deve usar. Depois há a rotina, que pode ser física, mental ou emocional. Finalmente, há uma recompensa, que ajuda seu cérebro a saber se vale a pena memorizar este loop específico para o futuro:
(...) 
Pense no fast-food, por exemplo. Faz sentido — quando as crianças estão morrendo de fome e você está dirigindo para casa depois de um longo dia — parar, só esta vez, no McDonald’s ou no Burger King.  
As refeições não são caras. O sabor é tão bom. Afinal, uma única dose de carne processada, batatas fritas salgadas e refrigerante cheio de açúcar representa um risco relativamente pequeno para a saúde, certo? Você não faz isso o tempo todo. Porém os hábitos surgem sem a nossa permissão.  
Estudos indicam que em geral as famílias não pretendem comer fast-food regularmente. O que acontece é que um padrão de uma vez por mês lentamente se torna uma vez por semana, e então duas vezes por semana — conforme as deixas e recompensas criam um hábito — até que as crianças estão consumindo uma quantidade de hambúrgueres e fritas que é prejudicial à saúde.  
Quando pesquisadores da Universidade do Norte do Texas e de Yale tentaram entender por que as famílias gradualmente aumentavam o consumo de fast-food, encontraram uma série de deixas e recompensas que a maioria dos consumidores nunca soube que estava influenciando seu comportamento. Eles descobriram o loop do hábito.  
Todo McDonald’s, por exemplo, possui a mesma aparência — a empresa deliberadamente tenta padronizar a arquitetura das lanchonetes e o que os funcionários dizem aos clientes, de modo que tudo seja uma deixa consistente para desencadear rotinas de compra.  
Em algumas redes, os alimentos são especificamente concebidos para proporcionar recompensas imediatas — as batatas fritas, por exemplo, são projetadas para começar a se desintegrar no momento em que encostam na sua língua, para fornecer uma dose de sal e gordura o mais rápido possível, ativando seus centros de prazer e prendendo seu cérebro no padrão.  
Muito melhor para estreitar o loop do hábito. No entanto, mesmo esses hábitos são delicados. Quando uma lanchonete de fast-food fecha, as famílias que antes comiam lá muitas vezes passam a jantar em casa, em vez de procurar um lugar alternativo.   
Mesmo pequenas alterações podem acabar com o padrão. Mas já que frequentemente não reconhecemos estes loops de hábitos enquanto crescem, não enxergamos nossa capacidade de controlá-los. Aprendendo a observar as deixas e recompensas, no entanto, podemos mudar as rotinas. 
Para mudar um hábito, você precisa manter a velha deixa e oferecer a velha recompensa, mas inserir uma nova rotina. Eis a regra: se você usa a mesma deixa e fornece a mesma recompensa, pode trocar a rotina e alterar o hábito. Quase todo comportamento pode ser transformado se a deixa e a recompensa continuarem as mesmas. 
As recompensas são poderosas porque satisfazem os anseios." (Duhigg, Charles. O poder do hábito: Por que fazemos o que fazemos na vida e nos negócios. Companhia das Letras).

A boa notícia é que mesmo que você tenha hábitos como comer pizza ou chocolate regularmente, comer um doce a tarde ou mesmo comer pipoca sempre que vai assistir a um filme, é possível controlar e modificar os hábitos, desde que a pessoa queira isto.

Para tanto, é preciso identificar um gatilho para receber a recompensa no final. Por exemplo, em termos de nutrição comportamental, você pode manter a deixa (comer sobremesa após almoço, por exemplo) e a recompensa final (prazer) alterando somente a rotina (trocar o doce por uma fruta). 

Para melhorar a nossa saúde e alimentação (deixa), precisamos construir bons e saudáveis hábitos, tais como exercitarmos regularmente e comermos comida de verdade, minimamente processada (rotina). Assim, seremos recompensados com uma vida plena, cheia de saúde e feliz.


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