sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Metabolismo e Diabetes


Como será que o corpo processa a comida ingerida, a fim de fornecer a todas as células a energia (combustível) que necessitam?

O que ocorre com a Diabetes e porque o sistema metabólico não funciona adequadamente?


Quando você ingere comida que contém carboidrato, ele é quebrado no estômago e no sistema digestivo em glicose (monossacarídeo), um tipo de açúcar simples, essencial para o fornecimento de energia celular.

Esta glicose (eventualmente também a gordura ingerida dos alimentos) é lançada na corrente sanguínea e o organismo detecta que o seu nível está aumentando. Em resposta a isto, o pâncreas, uma pequena glândula situada abaixo do estômago, começa a liberar um potente hormônio chamado insulina.

A corrente sanguínea leva a glicose e a insulina a cada célula do corpo que necessita.

É dentro das células que ocorre o metabolismo destas substâncias. Entram em ação quatro diferentes proteínas, que são sintetizadas do nosso DNA, fundamentais para o metabolismo da glicose e gordura:

1. ENPP-1: recebe a insulina, deixando-a passar pela membrana celular até o interior da célula. 
2. IRS: recebe e fosforila a insulina. Em seguida, vai ativar o GLUT4. 
3. GLUT4: recebe a glicose e permite a sua entrada para o interior da célula (onde a insulina já fosforilada está aguardando).  
4. CAPN-10: decompõe a gordura, que não entra na célula.

Uma vez dentro da célula, algumas glicoses se combinam, formando o glicogênio (no fígado e nos músculos), que é a forma com que o organismo primeiro armazena a glicose para ser usada rapidamente, se necessário.

Já outras glicoses recebem elétrons e se transformam em piruvatos, que será metabolizado dentro da mitocôndria. Ao final deste processo ("Ciclo de Krebs") a energia (ATP) será liberada.

Então, o que poderia causar a Diabetes?

1- Excesso de gordura. A decomposição de gordura pelo CAPN-10 não é suficiente. O acúmulo de gordura obstrui os canais de proteínas ENPP-1 e GLUT4, o que causa um aumento excessivo de gordura, glicose e insulina extracelular e na corrente sanguínea. 

2- Mutações nas proteínas:


  • no gene que produz a proteína IRS (formação defeituosa. Não conseguirá fosforilar – adição de fosfato - a insulina, o que resultará no acúmulo de glicose extracelular e, por consequência, acumulo de açúcar na corrente sanguínea);
  • no receptor de insulina ENPP-1. A proteína ENPP-1 defeituosa não se abre para receber a insulina, o que resulta no excesso de glicose e insulina do lado de fora da célula e na corrente sanguínea;
  • no receptor de glicose GLUT4. Esta proteína defeituosa não consegue deixar a glicose passar pela membrana celular e alcançar o seu interior, causando acúmulo de glicose e insulina na corrente sanguínea.

Por exemplo, no tecido muscular, a insulina é que permite que a glicose entre nas células, onde ela pode ser usada como energia. É como se a insulina fosse uma chave que abre as portas das células para que a glicose possa entrar.

A quantidade de glicose no sangue começa a diminuir, mas o seu nível pode ser complementado a qualquer momento pelo fígado que libera a glicose extra que havia armazenado, em forma de glicogênio.

O nível de glicose no sangue sobe novamente e, mais uma vez, o pâncreas produz mais insulina para ser movida com essa glicose pela corrente sanguínea a caminho das células musculares, abrindo as portas e permitindo que a glicose entre.

O organismo funciona melhor quando o nível de glicose no sangue está em um patamar ótimo. Ele não gosta quando a glicose sobe muito. Tampouco que caia em demasia. Existe um parâmetro ideal que o corpo tentará manter a qualquer custo.

Normalmente existe um ciclo no organismo que faz um balanceamento entre o nível de glicose e o nível de insulina.

Porém, em algumas pessoas, o sistema não funciona adequadamente e eles desenvolvem, primeiro a resistência à insulina e depois a Diabetes.

Existem duas formas de Diabetes: Tipo 1 e Tipo 2.

Na Diabetes Tipo 1 o corpo não fabrica nem um pouco de insulina. Isto ocorre devido a uma resposta do sistema imunológico pela qual o organismo destruiu, por causas desconhecidas, as células beta pancreáticas, produtores de insulina. Trata-se, portanto, de uma doença autoimune.

Geralmente ocorre em 15% das pessoas e é mais comum em crianças e adultos abaixo de 40 anos. 

Os alimentos que contem carboidratos são quebrados em glicose normalmente. Esta glicose se move pelo sistema circulatório. Normalmente o organismo produziria insulina para permitir que a glicose entrasse nas células, mas na Diabetes Tipo 1 não há produção de insulina. 

Então a glicose não consegue entrar nas células. Assim, a concentração de açúcar no sangue cresce cada vez mais. 

O organismo tenta reduzir o nível de glicose, tentando delas se livrar através dos rins. Este é o motivo de pessoas – ainda não diagnosticadas - urinarem em excesso.

Quando os rins filtra a glicose para fora do sangue, eles também levam bastante água junto a ela, causando muita sede.

A urina contém muita glicose e isso cria um ambiente que facilita muito a procriação de bactérias. Então é muito comum ter sapinho ou coceira genital.

Do mesmo modo, o sangue contém um nível elevado de glicose e então mais bactérias do que o normal tandem a se reproduzir em feridas abertas, que poderá demorar mais para cicatrizar.

A glicose também pode se acumular nas lentes, em frente aos olhos, fazendo com que o líquido das lentes se torne mais nublados, causando uma visão ofuscada.

Devido a glicose não conseguir entrar nas células para serem utilizadas como energia, algumas pessoas não diagnosticadas começaram a se sentir cansadas, apáticas e sem energia para a rotina diária. 

Mas o organismo continua necessitando de uma fonte de energia para funcionar corretamente. Então, em algumas pessoas, ele começa a quebrar a gordura armazenada e isto pode resultar em perda de peso.

Podemos, assim, elencar os principais sintomas da doença:


  • Urinar em excesso
  • Sede
  • Coceira genital
  • Lenta cicatrização
  • Visão ofuscada
  • Cansaço
  • Perda de peso

Estes sintomas podem ser revertido, uma vez que este tipo de diabetes é tratada com a administração de insulina, sempre com supervisão médica.

Já a Diabetes Tipo 2 atinge 85% das pessoas e é mais comum após os 40 anos. Por isto é comumente chamada de Diabetes de adulto.

Trata-se de uma séria doença metabólica causada pelo excesso glicose no sangue.

As causas muitas vezes estão associadas a maus hábitos alimentares, a um desregrado estilo de vida e também a fatores genéticos.

Nesta forma diabética, ou o corpo não produz insulina suficiente ou a insulina que é produzida não funciona como deveria. 

Isto pode ocorrer devido à obesidade, pois o aumento da gordura visceral pode fazer com que a insulina pare de fazer o seu trabalho como deveria, mas também pode ocorrer em pessoas magras.

Os alimentos que contém carboidratos são quebrados em glicose no estômago e no sistema digestivo, como normalmente. A glicose, extraída da dieta, vai para o sangue. O pâncreas começa a produzir insulina, que se move junto à glicose em direção a todas as células que precisam de energia.

Porém, a glicose não conseguirá sempre entrar nas células, pois “as fechaduras” celulares foram cobertas de depósitos de gordura. Isto significa que a insulina não consegue abrir as portas das células como deveria.

Em consequência, o nível de glicose no sangue continua a subir. Como resposta a este excesso, o pâncreas novamente produz ainda mais insulina. Então o nível de glicose e insulina continuam a crescer. 

Esta situação é ainda mais complicada pelas células, que estão desesperadas por energia, enviando sinais de emergência para o fígado liberar a glicose armazenada. 

O nível de glicose no sangue cresce cada vez mais, obrigando o pâncreas a produzir cada vez mais insulina, até que não consegue mais lidar com a situação e eventualmente se desgasta. O órgão fica sobrecarregado e funcionando com sua capacidade máxima, até o sistema entrar em colapso.

Os sintomas são os mesmos encontrados na Diabetes Tipo 1.

Podem surgir os seguintes danos:


  • retina
  • problemas cardíacos
  • alterações metabólicas
  • lentidão cicatrização
  • insuficiência renal
  • lesões e infecções nos pés

A doença – caracterizada por uma intolerância a glicose - é progressiva. Os sintomas aparecem bem devagar. Algumas pessoas não apresentam nenhum sintoma e, por este motivo, podem viver (perigosamente) até 10 anos antes que percebam a enfermidade. 

Tarde demais: uma “simples” e tratável condição metabólica de resistência à insulina agora se transformou em diabetes, incurável.

Os tratamentos (controle) visam a reduzir os níveis de gordura, glicose e insulina no sangue.


  • Alimentação balanceada
  • Parar de fumar
  • Inicialmente pode ser suficiente alterações nos hábitos alimentares
  • Fazer exercícios físicos regularmente
  • Perder peso
  • Acompanhamento médico regular

Por isto, é de fundamental importância divulgar este tipo de informação para conscientizar as pessoas sobre a gravidade da doença. O mundo vive uma epidemia de obesidade e Diabetes. As crianças estão sendo atingidas precocemente, especialmente devido aos maus hábitos alimentares. Os pais são coniventes e permitem que a situação se agrave. O quanto antes forem diagnosticadas, melhor as perspectivas.

Assim, a Educação Alimentar é uma poderosa ferramenta de conscientização das pessoas, especialmente quanto ao estilo de vida e costumes alimentares, a fim de que a Diabetes possa ser evitada.

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