segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Obesidade infantil

Segundo novos levantamentos da Organização Mundial da Saúde - OMS, o número de crianças com menos de cinco anos com sobrepeso tende a aumentar de 42 milhões para 70 milhões nos próximos dez anos.

É preciso, de forma urgente, adotar medidas eficazes para reduzir o ímpeto dos pequenos em relação à má alimentação. Duas estratégias que foram sugeridas pela própria ONU consiste na tributação de bebidas açucaradas e a regulamentação e limitação da nociva publicidade de alimentos não saudáveis especialmente direcionadas a crianças.

Diante da epidemia global de obesidade infantil, as Nações Unidas apelaram aos governos para tentar reverter esse quadro por meio da promoção de alimentos saudáveis e de atividades físicas.

A publicidade de comidas não saudáveis e bebidas não alcoólicas é um grande fator que contribui para o aumento vertiginoso de casos de obesidade, que saltaram de 31 milhões em 1990 para 41 milhões em 2014, segundo a Comissão para o Fim da Obesidade Infantil (ECHO, em inglês).

A obesidade disparou nos países em desenvolvimento. Além disto, o relatório divulgado pela entidade ainda alerta que os países de baixa e média renda foram os que mais apresentaram crescimento nesta direção, até porque, a fast food e os alimentos industrializados e processados são os mais baratos e disponíveis para a população.

Os números são especialmente alarmantes na África, onde o número de crianças menores de cinco anos com sobrepeso e obesidade quase duplicou entre 1990 e 2014, passando de 5,4 milhões para 10,3 milhões.

Entre as recomendações para o combate à obesidade apresentadas no relatório estão a atividade física e dieta saudável já no início da infância, com estímulo a amamentação materna; o limite do consumo de alimentos ricos em gordura, açúcar e sal, garantindo disponibilidade de comidas saudáveis; o estabelecimento de padrões nas refeições escolares, acabando com a venda de bebidas e alimentos não saudáveis; e inclusão da saúde, nutrição e educação física de qualidade no currículo escolar.

Apesar do que muitos governos dizem, trata-se de um sério problema de Saúde Pública e não apenas uma mera consequência do estilo de vida das famílias.

Até porque, em muitos casos a gestante/mãe já é obesa ou tem diabetes, aumentando, e muito, a predisposição daquele bebê a desenvolver um excesso de gordura associado a problemas de metabolismo e à obesidade. 

As causas que explicam a obesidade infantil estão relacionados a fatores biológicos, ao acesso inadequado à comida saudável, a uma menor atividade física nas escolas e à desregulamentação do mercado de alimentos gordurosos.

Os avanços até agora são tímidos, lentos e ineficazes. 

Na sociedade atual, bombardeada pela indústria alimentícia de produtos açucarados, refinados e processados, mais de 90% das crianças consomem, em excesso e quase diariamente, fast food, doces e bebe refrigerantes. 

Poucos são os que bebem água adequadamente ou ingerem frutas inteiras, frescas, diariamente. Além do mais, não se exercitam e mantém um estilo de vida sedentário.

Não é segredo - e os Departamentos de Saúde sabem disto - que uma criança obesa está em risco de vir a sofrer de sérios problemas de saúde durante a sua adolescência e na idade adulta. Tem maior probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, asma, doenças do fígado, apneia do sono e vários tipos de câncer.

Em verdade, as crianças são vítimas deste fenômeno de enfermidade. Se obesa na infância, provavelmente assim continuará na fase adulta. Além de afetar drasticamente a auto-estima da pessoa, a obesidade está diretamente relacionada com doenças crônicas, principalmente a Diabetes tipo 2. E uma vez enferma, terá que suportar as graves consequências desta enfermidade pelo resto da vida.

A medida da circunferência abdominal e o excesso de peso são indicadores mais que suficientes para se detectar o problema. Mais do que achar que o "gordinho" é saudável, é preciso mudar a mentalidade e pesquisar se ele é uma vítima em potencial do atual sistema alimentar.

Existe uma crença popular de que o problema do excesso de peso se resolverá sozinho quando a criança entra na puberdade. É exatamente o contrário. Alguém que desenvolva obesidade nessa fase da vida provavelmente vai ser um adulto obeso. 

Por isto a obesidade infantil precisa ser tratada, o quanto antes! Muito mais com informação e educação para combater as causas do que medicamentos para atacar os sintomas.

Como se não bastasse, estão mais sujeitas a ataques de bullying e outros tipos de discriminação, o que poderá provocar consequências diretas na sua auto-estima e a quebra no seu rendimento escolar. Se não receberem apoio especializado poderão sofrer ainda de depressão ou outras doenças do foro psicológico quando atingirem a idade adulta.

Modestamente, este blog está a serviço da Educação Alimentar e tenta, ainda que timidamente, orientar as pessoas sobre a melhor forma de se relacionar com a comida. Se apenas uma criança, adolescente e sua família forem tocados por nossa mensagem, já terá valido a pena o esforço para disseminar a informação nutricional.

É incontroverso: a epidemia é crescente e está fora de controle. É preciso agir agora. Não se pode esperar mais para tomar as medidas necessárias. Aqui se busca também chamar a atenção da sociedade para esta grave questão que atinge diretamente os menores, pessoas ainda em desenvolvimento e que ainda não possuem a necessária maturidade de entender os prejuízos causados por uma alimentação inadequada. 

Cabe aos pais, a família, a toda sociedade ao ao governo proteger e tutelar os direitos fundamentais das crianças e adolescentes, de modo que eles possam gozar de boa saúde física e mental, passar pela adolescência como jovens saudáveis e ingressar na vida adulta felizes e conscientes.

Por fim, este interessante vídeo aborda a questão da inocência diante do desejo:




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