quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O processo evolutivo do ser humano


Durante 2,5 milhões de anos (data provável do surgimento dos primeiros hominídeos), o processo evolutivo da espécie humana foi sendo aperfeiçoada e consolidada. Nos primórdios, nossos antepassados eram, basicamente, caçadores-coletores. Ou seja, viviam exclusivamente da pesca, da caça dos animais selvagens e da coleta de algumas plantas e frutas ocasionalmente encontradas na natureza.

Segundo o cientista Marcelo Glaiser, estima que o Universo possui 13,8 bilhões de anos. A Terra possui 4,5 bilhões de anos (apenas 1/3 da idade do Universo). Há aproximadamente 3,5 bilhões de anos, durante o caos que reinava por aqui, a vida teria começado, ainda de forma rudimentar, pelos seres unicelulares. 

Conforme o referido físico, felizmente, um acontecimento incrível ocorreu: em algum momento, devido a mutações genéticas, as bactérias, que dominaram a Terra por bilhões de anos, "descobriram" como fazer a fotossíntese, ou seja, através da luz solar produziram energia e liberam oxigênio na atmosfera, propiciando o surgimento de seres mais complexos. 

No entanto, a nossa espécie, o homo sapiensacabou de chegar, há apenas 200 mil anos. Ou seja, em comparação com a idade da Terra, se comprimíssemos o tempo em apenas 24 horas, nós surgimos nas últimas frações de segundo antes da meia noite. 

Ao longo da evolução humana, todo o nosso sistema metabólico, hormonal, enzimático foi sendo transformado, experimentado e modificado com o tempo. O ser humano, mais precisamente nosso corpo e órgãos, estava completamente adaptado a comer, basicamente, proteína e gordura, provenientes da caça de animais selvagens e peixes, bem como carboidratos complexos, oriundos das plantas, raízes selvagens e poucas frutas. O único açúcar que comiam era o mel, quando tinham a sorte de encontrar alguma colmeia.

A Agricultura foi introduzida, no Oriente Médio, há "somente" 10 mil anos, ou seja, míseros 0,5% de todo o nosso tempo evolutivo. Aliás, insignificante sob o lapso evolutivo. Com ela, começamos a semear e a colher trigo silvestre, milho, arroz, cevada e outras espécies vegetais. Também nesta época algumas pessoas começaram a domesticar o gado - ovelhas, cabras e porcos.

Muitos antropólogos preconizam que a espécie humana atingiu o seu auge evolutivo (músculos, ossos e tamanho do cérebro) exatamente nesta época, antes do advento gradual da Agricultura. A partir de então, nossa espécie entrou em franco declínio, especialmente sob o aspecto alimentar/nutricional.

Os homens aprenderam a armazenar os alimentos, a distribuir tarefas laborativas e a viver em aglomerados civilizados, eliminando, assim, as principais ameaças existentes até então, como os predadores, a fome e a necessidade de sobreviver. 

Assim, sem a necessidade de enfrentar os desafios diários e as constantes pressões seletivas, a evolução cessou, à medida em que nos tornamos "civilizados", por assim dizer. Gradativamente nos tornamos mais baixos, com o cérebro maior, mais gordos e doentes. Desevoluímos, portanto. 

Apesar de todas as transformações, hoje, não deixamos de ser geneticamente iguais aos nossos parentes da Idade da Pedra Lascada, que, invariavelmente, eram magros, ágeis e saudáveis. É intuitivo afirmarmos que estamos geneticamente adaptados para comer o que os caçadores-coletores comiam. 

Dito de outra forma: somos a mesma espécie dos nossos antepassados, com a mesma fisiologia básica, vivendo, agora, na Era Moderna, possuindo as mesmas necessidades alimentares.

Por conseguinte, a dieta do paleolítico (anterior à Agricultura) é a única que se adapta perfeitamente à nossa estrutura genética e metabólica. Há apenas 333 gerações, e nos 2,5 milhões de anos antes disto, toda a espécie humana se alimentava da mesma forma.

Através da evolução pela seleção natural, em termos alimentares e de saúde, os nossos genes - que foram moldados ao longo dos séculos - possuem um código de nutrição ideal e determinam as nossas necessidades nutricionais para nos deixarem saudáveis e fisicamente ativos.

Neste panorama, talvez as drásticas mudanças alimentares promovidas desde os primórdios da espécie humana até hoje tenham sido uma das principais que provocaram a falência do atual sistema alimentar da população mundial. 

A Revolução Agrícola - apesar dos benefícios que trouxe, principalmente a produção de comida em grande escala para alimentar as famílias - também foi responsável pelas consequências que a população mundial sofre atualmente, como a obesidade e as doenças crônicas. Os alimentos que foram introduzidos - cereais, açúcar, óleos refinados, farinha de trigo processada - revelaram-se desastrosos para nossos corpos (ainda) peleolíticos.

Não resta dúvida de que a introdução dos "alimentos modernos" contribuiu decisivamente para o surgimento das enfermidades também "modernas", que antes não existiam. 

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